domingo, 2 de outubro de 2011

nonSense (capitulo primeiro)




The Asteroids Galaxy Tour

The Golden Age






Cap. 1
 Diversão de bar...

Estavam sentados num desses bares em que ficar bêbado é a única opção. O garçom meio aparvalhado com o crescente número de pedidos, a demora, a boca seca... Um olhar... O olhar, a conversa de boca orelha, orelha boca. Dedos desencontrados, a maldita cerveja chegou, dedos tépidos me tocam, a tocam... Não fiquei nervoso, já estava habituado a esses rituais... o barulho do bar volta ao volume normal. Meus amigos já totalmente inebriados por álcool e outros entorpecentes, riem abertamente ate do vento que lhes toca a face.
Eu ainda frustrado, por não ter cravado meu beijo, nem estar bêbado o suficiente pra rir também. O garçom vem troca o casco vazio a décadas por outro cheio e cada vez menos gelado, vejo o tédio passando pela esquina. Resolvo enfim ficar bêbado. No bar pego a bebida de sempre muita vodka e pouco juízo e dessa vez uma pedra de gelo. Antes do fundo do copo chegar. Sinto sua mão, junto com a vodka engulo um tufão de sentimentos, penso em quebrar o copo... Matar-te com um dos cacos e fugir tranquilamente, eu apenas aperto a sua mão. Tens a idiota idéia me de abraçar, junto com aquele perfume horrível que sempre me excita. Desenrosco de ti, coloco a mão no bolso pra disfarçar o volume, você ri idiotamente, já sabia que ia funcionar... eu finjo que nada aconteceu. Penso que talvez ainda hoje conheça mais um amor que dure uns poucos meses pelo menos.
Um dos bêbados nota a minha falta, me procura, me faz de garçom. Uma tiazinha já bêbada aperta meu “bum-bum” no caminho de volta a mesa, meus olhos simplesmente piscam sozinhos, o garçom me chega com um “drink” saído só deus sabe de onde. Aponta numa direção, eu aceno mesmo sem enxergar, meu sorriso já sai fácil. Minha música toca e é impossível ficar parado. A tiazinha também esta dançando e algum carinha mais barato que eu, está cercando ela. Achei a diversão da noite. Minha música ainda no ar, talvez só em meus ouvidos. Chego, vejo o casal mais desconexo de toda a minha vida, ela fica um pouco vermelha, ele sem movimento nenhum. Agradeço a gentileza, toco sua face gentilmente. O rapaz a essa altura fica bravo, pisco o olho de leve pra ele, que ainda mais desconcertado vai embora. Ganho mais um ou dois “drinks”... Digo ir ao banheiro, encontro mais um ou dois conhecidos, me envolvo em conversas meio loucas, lembro que ainda não estou tão bêbado.
O rapaz esta sozinho no bar, finjo que não me lembro dele, esta com suas feições duras, quase como se quisesse, mas temesse me bater, não entendo o porque do receio, afinal ele mais alto e forte que eu nos meus 171 centímetros de altura não ofereceria resistência nenhuma aos seus quase dois metros. A vista de tais idéias eu não retenho o riso. Ele vem ao meu encontro, tenta me abraçar, eu recuso e coloco aquele meu sorriso debochado. Saio como se fosse um narciso, encantado de mim mesmo.
De volta à mesa, meus amigos notam minha felicidade, encontram você em outra mesa com cara de poucos amigos, uma senil senhora bêbada tentando se explicar ao marido, um rapaz confuso cair no meio das mesas e sair correndo em direção a uma ou duas multidões. Meu sorriso era apenas uma justificativa. Os gritos dos senis ecoavam e se sobrepunham a balburdia geral. Eu entendia poucas palavras, mas captava pedaços dos seus grunhidos e fiquei satisfeito em ter chegado ao meu objetivo.
Adorava fazer aquilo. Coisas secretas são chatas. Nunca gostei dos joguinhos psicológicos humanos... Sempre fui um bom jogador, minha falha é sempre escolher as pessoas certas pra se deixar ser vencido. Pretendo procurar as erradas, sempre me parecem mais divertidas. Você pode não ter sido um erro, mas foi uma distração... Uma bela distração, como todas devem ser...

CONTINUA...


                                                                        camillu borges...
insolação é o meu estilo preferido de vida....